sexta-feira, 6 de novembro de 2020

FUMAÇA

  

Quando você partir

Deixarei tudo como está,

Vai que você se arrependa

E queira aqui voltar...


A mesa estará posta

No rádio, aquela música

Toca infinitamente...


Na sua poltrona

Estarei debruçada

Olhando em direção a janela...

As pernas cruzadas

O semblante estupefato

O corpo imóvel

Feito estátua de sal...


A mão pendente

Segura um cigarro que foi teu

As cinzas mornas caindo

No piso de porcelanato...


A cena congelada

O riso emudecido

Como numa fotografia

Nada se mexe...


A fumaça ainda está

Pairando sobre minha face

O sopro foi interrompido no ato,

Quem olha o retrato

Não sabe se a beijo

Ou a expulso...


Tudo está meio avulso,

Sem ação do tempo

Sem qualquer movimento

Desde que você se ausentou.


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